Agricultura regenerativa – o que significa, o que regenerar?

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No mundo moderno, onde a comunicação é algo espetacular, proporciona a todos eles o conhecimento do que ocorre em um determinado lugar do globo quase que em tempo real, “novos” termos surgem a todo instante, nas mais diversas áreas.

Um dos termos muito em uso na atualidade entre aqueles que, de uma forma ou de outra, se ocupam com a produção agrícola, é “agricultura regenerativa". Quando nos referimos à agricultura regenerativa , vêm à nossa cabeça diversas coisas, sendo a mais frequente , que é necessário regenerar. Pelo dicionário da Língua Portuguesa, Houaiss, regenerar significa gerar ou produzir novamente;

Os fundamentos da agricultura regenerativa são a prática de uma agricultura que seja sustentável, como o uso de rotações de culturas – cultivares de espécies diferentes a cada ano agrícola; utilizar prática mecânica, edáfica e vegetativa para evitar o escorrimento superficial da água – reduzir os processos erosivos que tanto mal fazem para a sociedade rural e urbana; Adote o sistema de plantio direto que envolve a rotação de culturas, solo permanentemente coberto com palha ou vegetais em crescimento, o mínimo de revolvimento do solo, faça a semelhança em nível – nunca semear no sentido da declividade. Quando as boas práticas agrícolas exemplificadas acima são seguidas, o impacto negativo da atividade agrícola será mínimo tanto sobre o ponto de vista físico, químico e biológico.

Ainda hoje, em pleno século 21, muitas áreas agrícolas não utilizam práticas conservacionistas ou as utilizam de maneira equivocada. O aprimoramento do sistema de plantio direto, realizado pela Embrapa Agropecuária Oeste, é uma ação significativa para evitar a manipulação do solo agrícola. A distância entre terraços não pode ser limitada pelo tamanho ou largura de uma máquina ou implemento agrícola. Para o cálculo da distância entre terraços existe toda uma metodologia científica que leva em consideração vários fatores, onde entre eles não está o tamanho da máquina. Sistemas agrícolas simplificados, que são aqueles onde se cultiva uma ou no máximo duas espécies, são sistemas extremamente vulneráveis. Sob o ponto de vista biológico é fundamental fornecer condições para que a vida microbiana do solo possa exercer a sua função principal que é garantir a produtividade do solo, melhorando ou mantendo em níveis adequados os atributos físicos e químicos do solo.

Assim, quando falamos em agricultura regenerativa, é fundamental a utilização de práticas agrícolas que mantenham ou até melhorem a capacidade produtiva do solo. Cabe destacar que a adoção de práticas de controle à erosão, sistema de plantio direto, dentre outros, comentários de forma significativa para a redução dos efeitos negativos de períodos de “veranicos”, tão comuns nas principais regiões agrícolas do Brasil. Com a adoção das práticas agrícolas sobre as quais já temos conhecimento, vamos evitar ter que regenerar a agricultura.

Em áreas com algum grau de manipulação, com o auxílio da assistência técnica, a primeira iniciativa para reverter o processo de manipulação é entender as razões pelas quais aquela área se encontra em estado de manipulação. A partir de estudos detalhados, são propostas práticas agrícolas que variam à recuperação e manutenção da capacidade produtiva do solo. Será isto agricultura regenerativa? Entendo que sim. Na realidade, o que se propõe como agricultura regenerativa é o mesmo que deve ser feito para se produzir sem degenerar ou degradar.

Cabe aqui destacar que, mais importante do que regenerar é evitar que seja necessária a regeneração. Assim, teremos assegurado o aumento da matéria orgânica do solo, a menor emissão de gases de efeito estufa e a segurança alimentar da população.

Fernando Mendes Lamas (Pesquisador)