3 meses atrás
Dourados é o principal Corredor Estratégico do Brasil para o Crime Organizado de Maquinário Agrícola
Entre vastas plantações de soja e milho, uma nova rota do crime tem prosperado em Dourados. O símbolo do trabalho dos produtores rurais agora serve de moeda de troca em uma das práticas criminosas mais alarmantes do campo: o furto de maquinários agrícolas, levados até a fronteira com o Paraguai e trocados por drogas.
As quadrilhas especializadas atuam de forma audaciosa e organizada. Máquinas como tratores, colheitadeiras e escavadeiras são furtadas de fazendas em diversos estados brasileiros, especialmente no Mato Grosso e Paraná. Dourados aparece como um dos principais corredores para o transporte desses equipamentos até a fronteira. A rota é estratégica pela proximidade com o Paraguai e pela extensa faixa de fronteira seca, facilitando o escoamento desses equipamentos para fora do país sem grandes obstáculos.
Segundo Valdir Brasil, inspetor da Polícia Rodoviária Federal, o modo de operação das quadrilhas é meticuloso. "Eles conseguem informações internas sobre os fazendeiros, muitas vezes com ajuda de funcionários das propriedades. A partir daí, escolhem os dias em que a segurança é menor e fazem o furto. Depois, as máquinas são embarcadas em carretas e levadas para a fronteira, onde são trocadas por drogas", explica o inspetor.
Waldir Brasil ainda destaca que os criminosos removem rastreadores e adulteram documentos, dificultando o trabalho das autoridades na recuperação dos equipamentos.
O caso mais recente ilustra a gravidade do problema. Uma escavadeira avaliada em R$ 700 mil, furtada no Paraná, foi interceptada na BR-163, próximo a Dourados. A máquina já estava a caminho da fronteira, e os criminosos haviam removido o rastreador para dificultar sua recuperação. "Esse tipo de furto é cada vez mais comum, e a nossa atuação precisa ser constante", acrescentou Brasil.
Nós conversamos também com o General Abelardo Prisco de Souza Neto**, comandante da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada que destacou o papel das operações conjuntas com o Exército para combater o crime transfronteiriço. Segundo ele as tropas atuam em faixa de 150 quilometros, oui seja não apenas na linha da fronteira, mas avançando para áreas no interior, onde a presença do Exército em áreas rurais ajuda a inibir a ação dos criminosos. Essas patrulhas inspecionam documentos e revistam veículos e fazem abordagens auxiliando o trabalho da segurança publica já que a simples presença militar já afasta muitos criminosos, explica observando que o empenho ne a luta das forças policiais é constante.
A crescente união entre as forças de segurança é um passo importante, mas insuficiente. Até o momento, a PRF já recuperou 28 maquinários furtados apenas neste ano no Brasil. No entanto, o número de equipamentos que cruzam as fronteiras ilegalmente pode ser ainda maior. E a luta contra essas organizações criminosas não se restringe ao campo: ela atinge diretamente a economia agrícola do Brasil, afetando produtores, trabalhadores e a segurança nas áreas rurais.
Os desafios para reprimir esse comércio ilícito são muitos, e o caminho para soluções efetivas ainda parece longo. Outro fator que dificulta o combate é a ausência de um sistema de informações unificado sobre maquinários, como o Renavam para veiculos. Sem esse banco de dados a polícia leva mais tempo nas investigar. Isso prejudica o rastreamento rápido e a recuperação dos equipamentos. Nós vamos falar sobre esses desafios no Programa Espaço aberto de amanhã.
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