Lula Recebe Plano Brasileiro de Inteligência Artificial durante Conferência Nacional

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, a proposta do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA). Intitulado "IA para o Bem de Todos", o documento prevê investimentos de R$ 23 bilhões até 2028 e inclui medidas de governança, infraestrutura e inovação.

Entre as principais propostas está a criação de uma “nuvem soberana” brasileira, ligada ao Dataprev, para reduzir a dependência de armazenamento em empresas internacionais. O plano também inclui a aquisição de um supercomputador de IA, a criação de uma Olimpíada de IA e a aplicação de tecnologias avançadas em áreas como saúde pública, finanças e preservação da Amazônia.

“A nuvem soberana é para a gente não depender da capacidade de armazenamento que hoje é muito depositada nas grandes empresas internacionais”, afirmou Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia.

A estrutura de governança proposta abrange um conselho superior e um comitê executivo, além de câmaras temáticas para monitorar a execução das ações. O objetivo é promover o desenvolvimento e o uso da inteligência artificial no Brasil, focando nos desafios nacionais e na inclusão social.

Os R$ 23 bilhões serão distribuídos em cinco eixos principais: infraestrutura e desenvolvimento de IA, difusão e capacitação, melhoria dos serviços públicos, inovação empresarial e apoio ao processo regulatório e de governança. Destes, R$ 12,72 bilhões virão de créditos de entidades como BNDES e Finep, além de uma parte não reembolsável do FNDCT.

“Sinceramente, há mais investimentos em inteligência artificial, inclusive, do que está identificado. Porque nós introduzimos no plano aquilo que foi devidamente identificado e validado”, afirmou Luis Fernandes, secretário-executivo do ministério.

Durante a cerimônia, Lula criticou as grandes empresas de tecnologia, ressaltando que muitas operam sem pagar impostos ou pedir licença para coletar dados. Ele enfatizou que a IA deve ser uma ferramenta para gerar empregos, não para causar desemprego, manifestando preocupação com notícias que indicam que a IA poderia levar à perda de 16 milhões de empregos.

“No fundo, [a inteligência artificial] é a inteligência humana que pode aperfeiçoá-la, nada mais é do que a gente ter a capacidade de fazer a coletânea de todos os dados”, disse Lula. “E temos as big techs que fazem isso sem pedir licença, sem pagar imposto. E ainda cobra dinheiro e fica rica por divulgar coisa que não deveria ser divulgada”.

Lula também mencionou a possibilidade de uma parceria entre Brasil e Espanha para desenvolver projetos de IA em português e espanhol, fortalecendo a autonomia tecnológica dos países de língua ibérica.

O evento, que foi retomado após 14 anos, conta com 50 sessões de debates e deve atrair mais de 2.200 participantes presenciais e 2.000 virtuais. O tema da conferência deste ano é "Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido".